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Tesouraria Corporativa: como é afetada pelas moedas digitais

20 de junho de 2022

Entenda o que é moeda digital, criptomoedas e como esses ativos afetam a Tesouraria Corporativa nas empresas

O surgimento das criptomoedas desde 2008 colocou em movimento uma revolução no mundo das finanças. Com a eficiência do blockchain, o desempenho notável de cripto ativos como Bitcoin, Ethereum e Ripple, e o dinamismo da oferta e demanda, essas moedas digitais oferecem oportunidades valiosas de investimento. 

Nesse artigo você vai entender o que é a moeda digital e os principais tipos que estão disponíveis no mercado. Analisaremos também como esse ativo impacta no mundo dos negócios, em especial a tesouraria corporativa. Vamos lá?

 

Moeda digital e criptomoeda são a mesma coisa?

Eis a questão! Mesmo ocupando o centro das atenções em debates sobre economia monetária, a desmaterialização da moeda e o surgimento dos ativos digitais criptografados envolvem conceitos que ainda geram algumas confusões.

Por exemplo, quando você usa o cartão de crédito, PIX ou carteira online em uma transação financeira, você está utilizando a moeda corrente (fiduciária) no Brasil em formato digital. 

Mesmo que intangível, continua sendo a mesma moeda cuja emissão é autorizada pelo Banco Central do Brasil (BACEN) e realizada pela Casa da Moeda: o Real brasileiro. Ou seja, o controle desta moeda digital está centralizado no governo brasileiro, e sua precificação é definida pelas normas do BACEN.

Por outro lado, a emissão e controle das criptomoedas não é monopolizada por uma instituição financeira específica, e as transações são registradas em blockchain. Além disso, a definção do preço da criptomoeda é pelo próprio mercado, seguindo a lei da oferta e da demanda (quanto maior a demanda, maior o preço, e vice-versa).

Podemos concluir, portanto, que as criptomoedas diferem das moedas digitais também a partir de sua natureza privada, dissociada do Sistema Financeiro Nacional (SFN) supervisionado pelo BACEN.

Não entraremos aqui em questões teóricas da economia monetária. Logo, para os propósitos deste texto, tenha em mente: toda criptomoeda é uma moeda digital, mas nem toda moeda digital é uma criptomoeda. Vamos aprofundar um pouco o entendimento das criptomoedas nos próximos tópicos.

 

O que é a criptomoeda?

Por definição, criptomoeda é um ativo digital descentralizado baseado em algoritmos criptográficos e tecnologia blockchain. Em outras palavras, é uma moeda virtual armazenada em uma carteira digital e cuja transação se realiza por meio de um protocolo de computador criptografado. 

O que é blockchain?

Antes de prosseguirmos no entendimento das criptomoedas vamos entender melhor o significado deste termo fundamental. Blockchain é uma tecnologia para armazenar e transmitir informações na forma de um banco de dados distribuído entre os nós (participantes) de uma rede de computadores. 

Embora o público em geral ainda tenha certo receio dessa ferramenta, a blockchain é bastante seguro e transparente, pois é quase impossível alterar ou modificar os dados que armazena. 

Além disso, esse sistema descentralizado possibilita a transferência instantânea de criptomoedas, cada transação sendo registrada na forma de dados criptografados. Todos os usuários podem acessar a blockchain em tempo real, pois está espalhado por vários milhares de computadores.

Na maioria dos casos, o código de uma blockchain é aberto. Assim, os colaboradores podem consultar as transações realizadas na rede e, eventualmente, sugerir melhorias.

 

Como surgiu a criptomoeda?

Em 31 de outubro de 2008, uma pessoa – ou grupo de pessoas – sob o pseudônimo de Satoshi Nakamoto postou uma mensagem em uma lista de distribuição de e-mail reservada para cypherpunks, um movimento de pessoas que usam criptografia para proteger a privacidade. 

O conteúdo da mensagem: “Estou trabalhando em um novo sistema de dinheiro eletrônico inteiramente peer-to-peer, sem terceiros confiáveis”. Este texto foi acompanhado por um link que leva ao bitcoin.org e no qual o white paper do Bitcoin está hospedado. 

As pessoas interessadas no projeto começam a conversar com essa figura misteriosa. Nessas trocas, Hal Finney, um criptógrafo que ajudou a criar o PGP, o software de criptografia de e-mail mais usado no mundo, emprega o termo blockchain pela primeira vez para se referir a tecnologia Bitcoin. 

Assim, o primeiro bloco do Bitcoin foi criado em janeiro de 2009, sendo que os primeiros 50 bitcoins emitidos nesse processo nunca foram enviados para ninguém e apenas Satoshi Nakamoto possui a chave criptográfica que pode movê-los. A primeira remessa de Bitcoin ocorreu em 12 de janeiro entre Satoshi Nakamoto e Hal Finney.

Tipos de criptomoedas

Entre as criptomoedas mais negociadas estão as seguintes:

  1. Bitcoin (BTC)
  2. Ethereum (ETH)
  3. Litecoin (LTC)
  4. Ripple (XRP),
  • Bitcoin

A mais conhecida e negociada criptomoeda no mundo inteiro atingiu o valor de mercado de R$ 5,4 tri (janeiro 2021) e já vale mais que todas as empresas da bolsa de valores brasileira juntas. Em 2021, empresas como Square, Tesla, Meitu e MicroStrategy investiram bilhões de dólares em dinheiro no Bitcoin!

Por conta dessa alta quantia sua negociação se dá em frações, visto que há muita volatilidade no mercado. Está limitado a 21 milhões de unidades (cada uma divisível 100 milhões de vezes), alimentando a inflação do seu valor. Contudo, o Bitcoin provou ser muito seguro ao longo dos anos e nunca foi hackeado.

  • Ethereum

Lançado em 2015, o Ethereum é um protocolo que permite criar aplicações descentralizadas. Entretanto, ao contrário do Bitcoin, sua criação não foi feita para ser dinheiro digital. 

Em vez disso, seus fundadores procuraram construir um novo tipo de plataforma de computação globalmente descentralizada que aproveita a segurança e a abertura das blockchains para escalar para uma ampla gama de aplicativos.

O Ethereum também permite que pagamentos simples sejam feitos, como o Bitcoin. É também uma das ferramentas preferidas para captação de recursos em criptomoedas (ICO, para “oferta inicial de moedas”).

  • Litecoin

Foi criado em 2011 por Charlie Lee, ex-chefe de engenharia da corretora Coinbase. O Litecoin é uma criptomoeda que usa a mesma tecnologia do Bitcoin e Ether, ou seja, as operações são descentralizadas e por blockchain

Considerado o principal concorrente do Bitcoin, sua principal diferença é a rapidez na negociação, permitindo o uso por qualquer pessoa em situações diárias. Atualmente, Charlie Lee é uma figura muito midiática e trabalha muito para o desenvolvimento do setor. 

  • Ripple

Criado em 2011 pela empresa californiana homônima Ripple, trata-se de um protocolo de pagamento que conta com uma moeda nativa do próprio sistema, a XRP (comumente conhecida como Ripple). Sendo um sistema principalmente voltado aos bancos, reduz significativamente os custos e atrasos das transferências internacionais de fundos. 

Muitos investidores compram XRP como se fossem ações da Ripple. No entanto, o XRP não tem valor fundamental e não é essencial operar no protocolo Ripple (moedas clássicas são suportadas).

Os benefícios do blockchain e das criptomoedas são numerosos, e não apenas financeiros. É por isso que mais e mais empresas estão se atrevendo a mergulhar nesses ativos. A seguir veremos como essas decisões de investimento podem afetar a tesouraria corporativa. Vamos lá?

 

O que é tesouraria corporativa?

Tesouraria corporativa é, fundamentalmente, o setor da empresa responsável pela gestão de liquidez, englobando, portanto, todas as atividades relacionadas ao recebimento de caixa, capacidade de pagamento da empresa, rentabilidade dos recursos comprometidos e redução dos riscos relacionados.

A tesouraria tem uma função estratégica, relacionada diretamente com a tomada de decisões da empresa e o gerenciamento de riscos financeiros de crédito, operacionais, cambiais, de taxa de juros e de financiamento.

 

Os objetivos da tesouraria corporativa

A tesouraria corporativa visa ter uma boa visibilidade das suas despesas e dos seus recursos, antecipar possíveis riscos e garantir a solvência da empresa a curto, médio e longo prazos.

Nesse sentido, realiza-se o gerenciamento de caixa por meio de ferramentas de previsão apropriadas para mensurar as necessidades da empresa em termos de financiamento, acompanhar a evolução das atividades e a necessidade de capital de giro. 

Tal gestão deve, ainda, lidar com uma possível deterioração de caixa, e remediá-la acionando planos de ações corretivas, como negociação de linhas de crédito. Além disso, também é função da tesouraria corporativa viabilizar financiamento adequado para os investimentos da empresa sem recorrer excessivamente aos recursos financeiros operacionais.

Visto que a empresa deve estar pronta para possíveis mudanças na conjuntura econômica do país e do mundo, a gestão eficiente de caixa garantirá que o empreendimento se mantenha bem posicionado no mercado a longo prazo, assegurando sua sustentabilidade. 

Após entender o que é moeda digital e tesouraria corporativa, você pode estar se perguntando de que forma elas se relacionam. Vamos analisar essa questão nos próximos tópicos, prossiga com a leitura!

 

Como as criptomoedas podem afetar a tesouraria corporativa?

Entre a revolução trazida pela tecnologia blockchain, a ascensão das criptomoedas, especialmente o Bitcoin, e performances às vezes milagrosas, o interesse das empresas nas oportunidades proporcionadas pelas finanças descentralizadas é crescente. 

A princípio muito restritos, principalmente com raros negócios online, a cada dia mais aceitam-se os pagamentos em Bitcoins. Após o PayPal, no início de 2021, Visa e MasterCard também estão se preparando para reconhecer a rainha das criptomoedas como meio de pagamento.

A expectativa é que em breve, os bancos também poderão dar um grande passo. De fato, nos Estados Unidos, o regulador bancário agora permite que bancos nacionais comprem e armazenem Bitcoins para seus clientes. 

Com o movimento de figuras proeminentes no mercado financeiro, como Michael Saylor (MicroStrategy), Elon Musk (Tesla) e muito recentemente Bill Thomas (KPMG), cada vez mais investidores institucionais parecem ter entendido o interesse em diversificar seu fluxo de caixa por meio de criptomoedas. Interesse este que se fortaleceu ainda mais diante da variação desproporcional dos preços, nomeadamente, a inflação.

Note que o financiamento descentralizado visa fornecer os mesmos serviços financeiros prestados por instituições tradicionais, mas com as propriedades fundamentais herdadas das criptomoedas, como a maior velocidade nas transações peer-to-peer (P2P), taxas de processamento muito baixas (ou nulas) e contratos inteligentes.

E para as empresas em si?

Para as empresas, essas inovações financeiras possibilitam maior independência de estabelecimentos bancários e decisões macroeconômicas da política monetária definida pelos Estados. Isso significa melhor controle e antecipação de riscos sistêmicos, sobretudo aqueles relacionados às taxas cambial e de juros, e a inflação.

Evidentemente, a tesouraria corporativa é impactada pelas transformações tecnológicas no campo das finanças. A tendência é que, nos próximos anos, a evolução dos meios de pagamento seja ainda mais marcante e o aumento dos investimentos em cripto ativos mais representativos. 

 

Vantagens em investir em tecnologia na tesouraria corporativa

Como vimos, mais e mais empresas estão se interessando pelo mundo da blockchain e das criptomoedas. Do ponto de vista tecnológico, é inegável que as corporações têm muito a ganhar com o ambiente seguro e descentralizado oferecido por essas novas redes. 

Então vamos dar uma olhada como a tecnologia se apresenta como aliada da tesouraria corporativa. 

Automatização

Na era do Big Data, onde grandes conjuntos de dados precisam ser processados e armazenados, a automatização pode ser crucial no desempenho de diversos setores em uma empresa.

Particularmente, na tesouraria corporativa, devido ao grande volume de exigências regulatórias e a realização frequente de auditorias internas e externas, a preocupação com segurança da informação e a proteção de dados é um ponto sensível. Para conduzir tudo de acordo com as exigências é preciso muita dedicação e atenção de analistas financeiros.

Nesse sentido, a automação de processos por meio de soluções digitais, como softwares de robotização de processos (RPA – Robotic Process Automation) representam um importante instrumento para ganho de produtividade, redução dos custos e do risco operacional, otimizando a atualização de saldos, fluxos e projeções.

Fluxo de trabalho maior

Com o uso da inovação é possível criar um fluxo de trabalho com muito mais detalhados e extensos, por meio de diagramas, facilitando assim o reconhecimento das etapas e definição das prioridades.

Em outras palavras, a representação visual ordenada das ações a serem executadas viabiliza a identificação daquelas com maior potencial de impacto na estratégia da cooperativa, vale dizer, as atividades que permitem “quick wins”, ou aquelas com potencial de redução de esforços do time e redução de custos.

Transparência 

A implementação de ferramentas e soluções tecnológicas nos processos da tesouraria corporativa proporciona transparência nos processos e registros. Essa característica é muito útil na condução de auditorias e na apresentação de resultados contábeis, como balanço patrimonial, do demonstrativo de resultados de exercício e do demonstrativo de fluxo de caixa.

Quanto mais claras e acessíveis são as informações, mais fidedignas e seguras. Além disso, outra vantagem é o ganho em produtividade. Isso porque os tesoureiros podem avaliar e analisar de maneira mais rápida e eficiente o cenário.

Assim, resolvem-se problemas e planejam-se estratégias de negociação mais eficazes.

Competitividade

A tecnologia aumenta a competitividade da empresa, porque está ligada de forma direta à sua produtividade e eficiência de processos. Otimizar as tarefas que serão executadas também implica em redução de custos e desperdício de recursos em geral.

O maior controle e rastreamento de dados possibilita o gerenciamento mais rápido, intuitivo, viabilizando a projeção de cenários, o acesso às informações financeiras e operacionais, bem como maior confiabilidade e previsibilidade de resultados.

A gestão orientada por dados fornece à equipe e ao gestor mais insumos para decisões assertivas em tempo hábil. Ou seja, maior é a competência da empresa para elaborar e aplicar estratégias para superar a concorrência. Assim, o empreendimento pode assumir   uma posição sustentável no mercado no longo prazo.

 

Conclusão

Neste artigo você descobriu o que é a moeda digital e criptomoedas, bem como esses ativos impactam as empresas, sobretudo em setores como a tesouraria corporativa. Também analisamos aqui como o uso da tecnologia é uma grande aliada na inovação dos processos, fluxos de trabalho, produtividade e competitividade.

Os dois últimos anos foram decisivos para o ambiente criptográfico em termos de adoção e inovação, os seguintes prometem ser igualmente interessantes. Apesar do freio regulatório que todos antecipam, a rede Bitcoin permanece fortalecida e cada vez mais empresas entendem isso. 

A expectativa é que a aceitação do bitcoin como meio de pagamento continue a se expandir gradualmente. No entanto, ainda é cedo para saber se o movimento maciço de investimento em bitcoin lançado por grandes empresas será sustentável.

De qualquer forma, as transformações tecnológicas no campo das finanças e gestão empresarial devem se acelerar, promovendo inovações no gerenciamento de caixa, meios de pagamento e procedimentos contábeis. Além disso, pode-se esperar importantes mudanças na forma de realização e registro das operações financeiras.

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